BIOBANCOS: OS MEUS, OS SEUS, OS NOSSOS

Autores

  • Victor Jacometti Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
  • Ricardo Henrique Alves da Silva

DOI:

https://doi.org/10.21117/rbol.v5i3.229

Palavras-chave:

Ética, Inovação, Cooperação Internacional.

Resumo

O presente artigo tem como objetivo discutir aspectos conceituais, éticos e legais e também científicos e cooperativos dos acervos de materiais biológicos utilizados para pesquisa conhecidos como biobancos ou biorrepositórios humanos. Inicialmente são apresentados conceitos fundamentais sobre o tema, amplamente discutido internacional e nacionalmente e também aberta discussão sobre a presença destes acervos na Odontologia e nas Ciências Forenses, bem como sua situação em território nacional. O texto prossegue em três maiores blocos: O primeiro visa introduzir o leitor aos aspectos legais que cercam a temática dos biobancos e biorrepositórios, apresentando-o aos principais dispositivos que regulamentam o tema no Brasil. O segundo bloco aborda a importância do aspecto cooperativo e institucional que exercem os biobancos e biorrepositórios, expondo problemática existente acerca desse tema, mas evidenciando notoriamente os benefícios provenientes de uma postura receptiva dessas infraestruturas a pessoas externas. O terceiro e último bloco conecta o que foi anteriormente dito ao que é atualmente enfrentado cientificamente dentro da Odontologia Legal, referente à necessidade de uma maior variabilidade e número de amostras disponíveis ao pesquisador, que torne possível a este acompanhar e criar o dinamismo da evolução científica. Como conclusão, o artigo evidencia as vantagens e defende uma conduta receptiva a ser adotada pelos diferentes e variados centros e instituições de pesquisa que possuam biobancos ou biorrepositórios a pesquisadores como forma de elevar o nível científico produzido pela Odontologia Legal nacional.

Biografia do Autor

Victor Jacometti, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

Cirurgião-dentista. CRO-SP: 111.662

Especialista em Odontologia Legal - FORP-USP

Mestrando em Patologia Experimental - FMRP-USP

Referências

Vaught JB. Biorepository and biospecimen science: a new focus for CEBP. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2006;15(9):1572-3. http://doi:10.1158/1055-9965.EPI-06-0632.

Riegman PH, Morente MM, Betsou F, de Blasio P, Geary P, Marble Arch International Working Group on Biobanking for Biomedical Research. Biobanking for better healthcare. Mol Oncol. 2008;2(3):213-22. http://doi:10.1016/j.molonc.2008.07.004.

Zain RB, Athirajan V, Ghani WM, Razak IA, Raja Latifah RJ, Ismail SM, et al. An oral cancer biobank initiative: a platform for multidisciplinary research in a developing country. Cell Tissue Bank. 2013;14(1):45-52. http://doi:10.1007/s10561-012-9298-0.

Galloway J. Putting the teeth into the UK Biobank. Prim Dent Care. 2011;18(1):6-12.

Muratori G. La Banca del Dente. Dental Cadmos.1969

Mathieu L, Fleurette J, Transy MJ .Les Transplantions Dentaires: constitution d’une Banque de dents et problèmes de stérilisation. Ann Odontostomatol (Lyon), 1970.

Pereira DQ. Banco de dentes humanos no Brasil: revisão de literatura. Rev ABENO. 2012;12(2):178-84. https://doi.org/10.30979/rev.abeno.v12i2.121.

Levitt M. Forensic databases: benefits and ethical and social costs. Br Med Bulletin. 2007;83:235-48.

Tozzo P, Pegoraro R, Caenazzo L. Biobanks for non-clinical purposes and the new law on forensic biobanks: does the Italian context protect the rights of minors? J Med Ethics. 2010;36:775-78. http://doi:10.1136/jme.2010.037606.

Sejrsen B, Lynnerup N, Hejmadi M. An historical skull collection and its use in forensic odontology and anthropology. J Forensic Odontostomatol. 2005;23(2):40-4.

Soficaru A, Constantinescu M, Culea M, Ionică C. Evaluation of discriminant functions for sexing skulls from visually assessed traits applied in the Rainer Osteological Collection (Bucharest, Romania). Homo. 2014;65(6):464-75. http://doi:10.1016/j.jchb.2014.08.004.

Klales AR, Kenyhercz MW. Morphological assessment of ancestry using cranial macromorphoscopics. J Forensic Sci. 2015;60(1):13-20. http://doi:10.1111/1556-4029.12563.

Cambon-Thomsen A. The Social and Ethical Issues of PostGenomic Human Biobanks. Nature Reviews Genetics. 2004;5(11):866-873. http://doi:10.1038/nrg1473.

Dallari SG, Castellaro FAB, Guerriero ICZ. Biobanking and Privacy Law in Brazil. J Law Med Ethics. 2015;43(4):714-25. http://doi:10.1111/jlme.12314.

Marodin G, Salgueiro JB, Motta ML, Santos LMP. Diretrizes nacionais para biorrepositório e biobanco de material biológico humano. Rev Assoc Med Bras. 2013;59:72-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302013000100014.

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Acesso em: 20 de julho de 2018.

Brasil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm Acesso em: 20 de julho de 2018.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.201, de 14 de setembro de 2011. Estabelece as Diretrizes Nacionais para Biorrepositório e Biobanco de Material Biológico Humano com Finalidade de Pesquisa. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2201_14_09_2011.html Acesso em: 20 de julho de 2018.

Brasil. Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9434.htm. Acesso em: 02 de outubro de 2018.

Brasil. Decreto nº 9.175, de 18 de outubro de 2017. Regulamenta a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, para tratar da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9175.htm. Acesso em: 02 de outubro de 2018.

Brasil. Lei 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm. Acesso em: 02 de outubro de 2018.

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Aprovar as seguintes diretrizes para análise ética de projetos de pesquisas que envolvam armazenamento de material biológico humano ou uso de material armazenado em pesquisas anteriores. Resolução CNS nº 411, de 12 de maio de 2011. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2011/reso441.pdf. Acesso em: 20 de julho de 2018.

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Aprova as diretrizes para análise ética de projetos de pesquisa que envolva armazenamento de materiais ou uso de materiais armazenados em pesquisas anteriores. Resolução CNS nº 347, de 13 de janeiro de 2005. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2005/res0347_13_01_2005.html. Acesso em: 20 de julho de 2018.

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Aprova as normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html. Acesso em: 20 de julho de 2018.

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Aprova as Diretrizes para Análise Ética e Tramitação dos Projetos de Pesquisa da Área Temática Especial de Genética Humana. Resolução CNS nº 340, de 8 de julho de 2004. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0340_08_07_2004.html. Acesso em: 20 de julho de 2018.

Mitchell D, Geissler J, Parry-Jones A, et al. Biobanking from the patient perspective. Research Involvement and Engagement. 2015;1:4. https://doi.org/10.1186/s40900-015-0001-z.

Harris JR, Burton P, Knoppers BM, Lindpaintner K, Bledsoe M, Brookes AJ, et al. Toward a roadmap in global biobanking for health. Eur J Hum Genet. 2012;20(11):1105-11. http://doi:10.1038/ejhg.2012.96.

De Paoli P. Institutional shared resources and translational cancer research. J. Transl. Med. 2009;7:54. http://doi:10.1186/1479-5876-7-54.

Riegman PHJ, de Jong B, Daidone MG, Söderström T, Thompson J, Hall A, et al. Optimizing sharing of hospital biobank samples. Sci. Transl. Med. 2015;7(297):1-3. http://doi:10.1126/scitranslmed.3009279.

Norlin L, Fransson MN, Eriksson M, Merino-Martinez R, Anderberg M, Kurtovic S, et al. A Minimum Data Set for Sharing Biobank Samples, Information, and Data: MIABIS. Biopreserv Biobank. 2012;10(4):343-8. http://doi:10.1089/bio.2012.0003.

Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia. Resolução CFO 63/2005. Disponível em: http://cfo.org.br/website/wp-content/uploads/2018/03/consolidacao.pdf. Acesso em: 21 de julho de 2018.

Corrieri B, Márquez-Grant N. What do bones tell us? The study of human skeletons from the perspective of forensic anthropology. Sci Prog. 2015;98( 4):391-402.

Dirkmaat DC, Cabo LL, Ousley SD, Symes SA. New perspectives in forensic anthropology. Am J Phys Anthropol. 2008;47:33-52. http://doi:10.1002/ajpa.20948.

Konigsberg LW, Algee-Hewitt BF, Steadman DW. Estimation and evidence in forensic anthropology: sex and race. Am J Phys Anthropol. 2009;139(1):77-90. http://doi:10.1002/ajpa.20934.

Pinto VG. Saúde bucal coletiva. 5 ed. São Paulo: Editora Santos; 2008. p. 157–285.

Zorzetto R. A África nos genes do povo brasileiro. Pesquisa Fapesp. 2007;34. Disponível em: http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=3193&bd=1&pg=1. Acesso em: 21 de julho de 2018.

Carvalho SPM, Brito LM, de Paiva LAS, Bicudo LAR, Crosato EM, Oliveira RN. Validation of a physical anthropology methodology using mandibles for gender estimation in a Brazilian population. Journal of Applied Oral Science. 2013;21(4):358-362. http://doi:10.1590/1679-775720130022.

Cunha E, Lopez-Capp TT, Inojosa R, Marques SR, Moraes LOC, Liberti E, et al. The Brazilian identified human osteological collections. Forensic Sci Int. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2018.05.040. Acesso em: 20 de julho de 2018.

Garvin HM, Sholts SB, Mosca LA. Sexual dimorphism in human cranial trait scores: effects of population, age, and body size. Am J Phys Anthropol. 2014;154(2):259-69. http://doi:10.1002/ajpa.22502.

Kralik M, Urbanová P, Wagenknechtová M. Sex assessment using clavicle measurements: inter- and intra-population comparisons. Forensic Sci Int. 2014;234:181.e1-15. http://doi:10.1016/j.forsciint.2013.08.029.

Fernandes PO, Reis LG, Devito KL, Leite ICG, de Paula MVQ. Aplicação e ajuste da fórmula proposta por Cameriere para uma amostra Brasileira: estudo piloto. Rev Bras Odontol Legal RBOL. 2018;5(2):20-27. http://dx.doi.org/10.21117/rbol.v5i2.159.

Downloads

Publicado

2018-12-10

Edição

Seção

Artigo de Opinião