A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA DE USUÁRIOS DE DROGAS INSTITUCIONALIZADOS PARA A IDENTIFICAÇÃO POST MORTEM: RELATO DE CASO.

Autores

  • Vinícius Aguiar Lages Instituto de Medicina Legal Gerardo Vasconcelos - IMLGV
  • Paulo Henrique Viana Pinto Universidade Estadual do Piauí
  • Adriana Vasconcelos da Nóbrega Barros Instituto de Medicina Legal Gerardo Vasconcelos - IMLGV
  • Áurea Castelo Branco Andrade Instituto de Medicina Legal Gerardo Vasconcelos - IMLGV
  • Joseany Barbosa Laurentino de Carvalho Instituto de Medicina Legal Gerardo Vasconcelos - IMLGV
  • Renata Kelly Nogueira Trajano Instituto de Medicina Legal Gerardo Vasconcelos - IMLGV

DOI:

https://doi.org/10.21117/rbol.v4i3.115

Palavras-chave:

Usuários de drogas, Comunidade terapêutica, Registros odontológicos, Odontologia legal, Identificação de vítimas.

Resumo

Introdução: No Brasil, houve aumento do número de usuários de drogas, os quais possuem maior risco de morte devido ao confronto com gangues rivais e com a polícia. Muitas vezes, a identificação destas vítimas se faz necessária pelo arco dental, que será possível caso existam registros odontológicos. Objetivo: Demonstrar a importância legal dos registros odontológicos para a identificação de indivíduos com histórico de uso de drogas e que estão acolhidos institucionalmente. Relato de caso: um cadáver do sexo masculino, esqueletizado, foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) Gerardo Vasconcelos, em Teresina-PI, para exame de identificação humana e determinação da causa da morte. Junto com a ossada, foram encontrados documentos pessoais compatíveis com histórico descrito pelos familiares de uma pessoa do sexo masculino de 19 anos de idade, usuário de drogas, que se encontrou institucionalizado em comunidade terapêutica para tratamento e recuperação. Foram disponibilizados um atestado de saúde bucal usado para admissão na comunidade terapêutica e ficha odontológica com odontograma, o que possibilitou o processo de identificação pelos arcos dentais. Após o confronto odontolegal entre dados ante mortem (AM) e post mortem (PM), a identificação foi realizada com sucesso. A idade foi estimada entre 18 e 30 anos, de acordo com estágios de mineralização dos terceiros molares e suturas cranianas. As lesões ósseas encontradas evidenciam a hipótese de homicídio. Conclusão: A documentação odontológica produzida com finalidade clínica e administrativa de indivíduos usuários de droga e que necessitam de tratamento institucionalizado demonstrou ser eficiente na identificação odontológica pós-morte.

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Publicado

2017-07-30

Edição

Seção

Relato de caso